terça-feira, 23 de junho de 2015

SER FELIZ É UMA DECISÃO


Uma senhora de 92 anos, delicada, bem vestida, com o cabelo bem penteado e um semblante calmo, precisou se mudar para uma casa de repouso. Seu marido havia falecido recentemente e a mudança se fez necessária, pois, ela era deficiente visual e não havia quem pudesse ampará-la em seu lar.

Uma neta dedicada a acompanhou.

Após algum tempo aguardando pacientemente na sala de espera, a enfermeira veio avisá-las que o quarto estava pronto.

Enquanto caminhavam, lentamente, até o elevador, a neta, que já havia vistoriado os aposentos, fez-lhe uma descrição visual de seu pequeno quarto, incluindo as flores na cortina da janela.

A senhora sorriu docemente e disse com entusiasmo:

– Eu adorei!

– Mas a senhora nem viu o quarto. Observou a enfermeira.

Ela não a deixou continuar e acrescentou:

– A felicidade é algo que você decide antes da hora. Se eu vou gostar do meu quarto ou não, não depende de como os móveis estão arranjados, e sim de como eu os arranjo em minha mente. E eu já me decidi gostar dele.

E continuou:

– É uma decisão que tomo a cada manhã quando acordo. Eu tenho uma escolha, posso passar o dia na cama remoendo as dificuldades que tenho com as partes de meu corpo que não funcionam há muito tempo, ou posso sair da cama e ser grata por mais esse dia. Cada dia é um presente, e meus olhos se abrem para o novo dia das memórias felizes que armazenei. A velhice é como uma conta no banco, minha filha, de onde você só retira o que colocou antes.

“Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele.“


Jean-Jacques Rousseau


quinta-feira, 18 de junho de 2015

Aos trinta


Aos trinta as exigências aumentam, a capacidade de dar resposta à elas, às vezes, também. O corpo da sinais, a maioria não é bom. Começamos a entender que emagrecer um tanto é bem mais difícil do que antes, o desafio passa a ser engordar pouco e de forma menos letal, isto é, comendo melhor.

Varrer toda a casa rápido, como fazíamos quando a mãe cobrava uma ajuda mensal, produz efeitos mais duradouros. Efeitos parecidos com os de ficar vinte minutos lavando louça depois que seus sete amigos foram embora e você disse: "não precisa, deixa isso aí".

O lugar do efeito? As costas, cuja musculatura pouco se usa, e quando se usa se faz errado, sem flexionar as pernas. Aos trinta começamos a dar valor aos puffs da sala, ao carrinho no supermercado e ao tênis com amortecedor.

Nessa idade já se esta maduro para dizer coisas com mais confiança, mas inexperiente para colocá-las em prática. Aos trinta trocamos a quantidade pela qualidade. Quando se fala em bebida, por exemplo, uma ou duas boas cervejas ficam mais interessantes que as dez das mais baratas de antes. O vinho de uma boa safra e uva toma lugar do Delgrano ou Sangue de boi.

Uns chegam aos trinta antes de ter trinta, outros já passaram dos trinta e não estão nem perto dos trinta. Sendo caseiro ou não, a sua casa ganha relevância depois dos trinta, ela vira refúgio, ninho e fortaleza. O lar, cada vez mais, é para onde você quer ir ou voltar, e não o lugar que se quer deixar.

Pedir ajuda fica mais difícil aos trinta, receber ainda mais. Você passa a ter que dar respostas para perguntas que ainda não foram feitas pela vida, mas pela sua ansiedade ou expectativa.

Chegar aos trinta pode ser uma carta de alforria para os resmungões, as reclamações ganham status etário.

Por outro lado, completar três décadas pode ser boa chance para reflexões quase vãs como essa, ou, também, pode ser apenas mais um aniversário.

Gregório Grisa




terça-feira, 16 de junho de 2015

Eis aqui um conselho: desfrute do poder e da beleza de sua juventude. Ou, esqueça... Você só vai compreender o poder e a beleza de sua juventude quando já tiverem desaparecido. Mas acredite em mim: dentro de vinte anos, você olhará suas fotos e compreenderá, de um jeito que não pode compreender agora, quantas oportunidades se abriram e quão fabuloso(a) você realmente era.
Cante. Não trate os sentimentos alheios de forma irresponsável, e não tolere aqueles que ajam de forma irresponsável com os seus sentimentos. Relaxe. Não perca tempo com a inveja. Algumas vezes você ganha, algumas vezes você perde. A corrida é longa e, no final, você conta apenas consigo mesmo(a).
Guarde suas cartas de amor. Jogue fora seus velhos extratos bancários. Alongue-se. Não se sinta culpado se não souber muito bem o que quer ser ou fazer da vida. As pessoas mais interessantes que eu conheço não tinham idéia, aos 22 anos, do que iam fazer na vida; outras, não menos interessantes, mesmo com 40 anos ainda não sabem.
Talvez você se case, talvez não. Talvez tenha filhos, talvez não. Talvez se divorcie aos 40, talvez dance uma valsinha quando fizer 75 anos de casamento. O que quer que faça, não se orgulhe e nem se critique demais. Todas as suas escolhas têm 50% de chance de dar certo, assim como as escolhas de todos os demais.
Dance. Mesmo que o único lugar que você tenha para fazer isso seja sua sala de estar. Entenda que os amigos vem e vão, mas que há uns poucos, preciosos, que você deve guardar com carinho. Trabalhe duro para superar distâncias e estilos de vida, pois à medida que você envelhece, mais precisa das pessoas que conheceu na juventude.

Mary Schmich