sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Prazer! Sou a Lua Carolina....



Ela é dessas que

Abraçam travesseiros


Abraçam as pessoas queridas

Pelo mesmo motivo, o gosto pelo sonhar

Ela é dessas que

Às vezes se sentem sozinhas

Mesmo quando cercada por pessoas

Mas ama estar acompanhada pela lua

Ela é dessas que

Apesar da dor provocada pelo fim

Sempre enxerga um recomeço atrás das nuvens

E não prolongam as tristezas

Ela é dessas que

Não escondem a idade, os erros e o riso

Ela é dessas que

Cantam alto, falam com as mãos e derrubam os objetos

Ela é dessas que

Esquecem que uma pessoa é bonita por fora

E ficam colecionando detalhes do lado de dentro

Ela é dessas que

Não culpam o amor por não ter dado certo

Pegam carona nas decepções

E vão em busca do amor

Sempre

Ela é dessas que...


Zack Magiezi


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Um dia as pessoas morrem na gente

É isto, nada além: um dia as pessoas morrem na gente. Pode ser um amigo que parece não se importar mais ou então aquele que telefona só quando quer ajuda, um amor que gastou todas as chances que tinha e nem toda dedicação do mundo comoveu, um primo de longe, qualquer um. Pode ser a criança que um dia morou dentro da gente, o sujeito que viajou pra longe sem dar adeus ou dizer que ia ou o visitante que chegou e nem ao menos um oi. Um dia as pessoas morrem na gente. Pode ser um dia qualquer, como hoje ou ontem ou a terça passada, um dia de agosto ou no meio do carnaval, um dia de formatura ou até no ano novo, um dia de vento sul ou calor dos infernos, de vestido curto ou jeans surrado, de boca nervosa ou falta de apetite, de cabelo desgrenhado ou os cachos no lugar. Um dia as pessoas simplesmente morrem na gente, e a gente esquece as tardes divertidas que passou no boteco, a esperança que alimenta quando ainda não viveu muito, a promessa de nunca esquecer; a gente esquece que um dia quis ficar junto pra sempre, que jurou um monte de coisas, que registrou em fotografias uma penca de momentos bonitos, que acreditou em tudo ou, exatamente como o Chico ensinou naquela canção, que ajeitou o nosso caminho pra encostar no caminho do outro. A gente faz força pra esquecer, porque sabe que precisa. A gente faz força pra esquecer, porque sabe que precisa. É isto, nada além: um dia as pessoas morrem na gente, embora continuem vivinhas da silva.

Ana Laura Nahas